Os suplementos de óleo de peixe não oferecem benefícios para a função cognitiva do idoso, revela um estudo publicado no “American Journal of Clinical Nutrition”.
O estudo da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) avaliou as consequências para a função cognitiva da toma diária, ao longo de dois anos, de suplementos de ómega-3 por idosos com idades entre os 70 e os 80 anos.
O número de pessoas com perda cognitiva está a crescer no mundo, estimando-se que, em 2040, mais de 81 milhões de pessoas tenham demência. Alguns estudos têm sugerido que o consumo elevado de ómega-3 funciona na manutenção de uma boa saúde cognitiva da população idosa.
Neste estudo, liderado por Alan Dangour, foram avaliados 867 pessoas com idade entre os 70 e os 80 anos, atendidos por médicos de família em clínicas em Inglaterra e no País de Gales.
Todos os participantes do estudo apresentavam uma boa saúde cognitiva – analisada em testes que avaliaram a memória e concentração – no início do estudo, que durou dois anos. Para a investigação, os idosos foram divididos, aleatoriamente, em dois grupos: um deles recebeu cápsulas de óleo de peixe, enquanto o outro grupo recebeu um placebo.
Após os dois anos, os participantes que receberam o suplemento de óleo de peixe apresentaram níveis significativamente maiores de ómega-3 no sangue do que os que receberam o placebo. No entanto, a função cognitiva não se alterou ao longo do estudo em ambos os grupos, não tendo sido verificado que o consumo de ómega-3 representasse um benefício para a função cognitiva.
Alan Dangour pede prudência na interpretação dos dados. “É importante ter em mente que o declínio da função cognitiva pode levar vários anos para se desenvolver e, embora este seja o estudo mais longo realizado até ao momento, pode não ter sido suficientemente longo para avaliar os efeitos benéficos do uso de ómega-3 para a saúde cognitiva dos idosos”, alerta o especialista.