Há 1200 doentes portugueses à espera de uma vaga para internamento da rede nacional de cuidados continuados integrados neste momento. O tempo de espera pode chegar aos seis meses na região de Lisboa, “que, sozinha, concentra metade dos doentes à espera no País”, diz ao DN Inês Guerreiro, coordenadora da rede.
Os recursos, sejam eles camas, unidades e pessoas formadas, têm crescido desde que o programa começou em 2006, mas os objectivos em termos de camas disponíveis estão abaixo de 50% do previsto para 2013 e, no caso dos cuidados paliativos, estão em 30%.
O principal problema “está nas unidades de longa duração, onde os doentes ficam mais de três meses e até podem ficar até ao final de vida”, refere. Por essa razão, as vagas são ainda poucas para a procura, também ela crescente. Nestas unidades, as camas destinam-se a pessoas que têm problemas crónicos, incapacitantes e que impossibilitam a independência do doente, que tem de estar sob o olhar atento dos técnicos.
No País existem 1200 pessoas à espera mas, “só na região de Lisboa, a espera após referenciação é tão elevada. No Norte, onde temos o dobro das camas, a espera pode chegar a dois meses, mas também ser de menos do que isso”, realça Inês Guerreiro. No caso dos cuidados paliativos há menos pessoas em espera – cerca de 40 – mas há casos onde se supera um mês ou mais. Ainda assim, admite que “ainda há muitas pessoas que não são referenciadas para a rede”.
A coordenadora da rede espera que haja “mais mil camas de cuidados continuados este ano, cerca de 200 em Lisboa”. Ao mesmo tempo, o reforço dos cuidados domiciliários ajudará a desanuviar estas unidades de longa duração, missão que os centros de saúde também têm vindo a reforçar.
As dificuldades de resposta, porém, não se devem apenas a camas a menos ou unidades em falta. Inês Guerreiro refere que “os hospitais deviam referenciar estes doentes para estas unidades logo 48 a 60 horas após entrarem no hospital. Estão demorar muitas vezes entre 15 e 20 dias”, refere.
Apesar de neste momento já existirem equipas de gestão de alta em todos os hospitais, ainda tem de se combater esta que “é uma questão cultural” e que atrasa a resolução de um problema. Depois do pedido, ainda é necessário dar alguns passos, como a assinatura de um consentimento informado para o internamento.
Inês Guerreiro sabe ainda que “há muitas pessoas a quererem receber apoio em casa, mas os próprios familiares não têm disponibilidade ou não querem, mesmo quando podem aceder a cuidados domiciliários. As famílias têm de aprender a cuidar dos seus mais velhos e a deixar estas respostas para quem não tem mesmo família ou tem condições mais difíceis”.
Além do reforço de equipamentos estipulado, que a ministra Ana Jorge decidiu antecipar de 2016 para 2013, o Governo tem investido na formação de profissionais nestas áreas. Até 2013, espera-se que haja mais de mil enfermeiros e médicos formados só na área dos cuidados paliativos. 52 das 144 equipas domiciliárias já estão treinadas para o efeito.
Fonte: Diário de Notícias