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Burlas a idosos chegam a um milhão de euros

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Burlas a idosos chegam a um milhão de euros

Vítimas têm entre 71 e 80 anos e são, sobretudo, mulheres que se encontram sozinhas.

 

A burla de idosos é o crime com maior incidência dos registados pela Guarda Nacional Republicana (GNR). Apesar disso, muitas ficam por se saber porque, como refere o major Rogério Cupeto, “as pessoas não denunciam o crime porque não gostam de ser conotadas como aquele que se deixou enganar”. A GNR estima que, no último ano, os prejuízos causados pelas burlas a idosos ascendam a um milhão de euros. O Programa Apoio 65 – Idosos em Segurança percorre todo o País. Trata-se de chegar mais perto de “uma população vulnerável” que continua a guardar as suas poupanças em casa, apesar das campanhas de sensibilização realizadas pela GNR e PSP “estarem a ter resultados excelentes”. Os idosos “quase sempre colaboram e até agradecem pelo facto de, após as sessões, o sentimento de segurança aumentar”, diz Rogério Cupeto. O vínculo mantém-se. Os idosos ficam com os contactos das equipas que os visitam, até mesmo de telemóvel para onde podem ligar sempre que sentirem suspeita de que estão a ser alvo de um crime.

 Em 2009, a GNR detectou 322 burlas contra idosos. No primeiro semestre de 2010 eram 122 casos, mas “prevê-se uma descida acentuada dos crimes” embora os dados estatísticos relativos ao ano passado não estarem ainda tratados. A grande maioria das vítimas, cerca de 45%, têm entre 71 e 80 anos, são sobretudo mulheres (56%) e na quase totalidade dos casos são abordadas quando estão sozinhas (96%) e à hora de almoço. Os distritos com mais situações são o Porto, Braga e Santarém. Os burlões são sobretudo homens, em 78% dos casos, que utilizam para enganar os idosos na maior parte das vezes a figura do funcionário da Segurança Social. Homens e mulheres, bem vestidos, afáveis, convincentes e que levam as pessoas a fazer aquilo que não querem. Este é por norma o retrato do burlão mesmo que esteja disfarçado de familiar, amigo de familiar, inspector da segurança social ou do banco e até mesmo médico.

O esquema é simples e vai desde o trocar dinheiro porque as notas vão sair de circulação a substituir o cartão multibanco velho por um novo. Há ainda o funcionário da EDP que promete descontos na factura. Um longo e perdulário rol de burlas à portuguesa. A PSP de Viseu registou esta semana uma queixa, velha de uso mas nova de conteúdo. O proprietário de um restaurante contou que um homem, “bem-falante jantou mas no final da refeição disse ter encontrado um vidro no meio da comida que lhe provocou danos num dente”. Uma queixa tão convincente que o cliente mostrou “ferimentos na boca”. O jantar ficou por conta da casa e o cliente pediu uma indemnização para ir ao dentista. Recebeu 85 euros e nunca mais foi visto. Mas a fama ficou na cidade: mais dois proprietários de restaurante queixaram-se de esquemas iguais. Mas as burlas “acontecem sobretudo nas aldeias com idosos crédulos ou que se deixam levar por pessoas bem-falantes, impecavelmente vestidas e muito persuasivas”, conta Marques Fernandes, tenente-coronel da GNR de Viseu que conhece “bem o longo cardápio de burlas”. As aldeias são hoje lugares “quase abandonados com meia dúzia de idosos” que acabam “escolhidos por burlões que os estudam antes de aplicar os golpes”, adianta o oficial. Na semana passada, em Tondela, a táctica aplicada foi a das “notas que vão sair da circulação e que é preciso trocar”. Em dias de feira, “quando os idosos vão ao banco, é quando há mais burlas como a da herança para distribuir pelos pobres. Um desconhecido que pergunta por alguém a quem tem uma fortuna para entregar e que deve distribuir pelos pobres.

O oficial lembra que “as burlas a idosos continuam a ser praticadas por indivíduos cuja apresentação e postura não levantam suspeitas e que demonstram bastante bem a vida familiar dos lesados, os seus hábitos e a sua rotina diária ganhando, assim, a sua confiança”. Pelo que a GNR “vai continuar a alertar os idosos”. Tanto a GNR como a PSP aconselham os idosos a ter determinados cuidados até porque, como dizem, “a segurança começa em cada um de nós”. Deixar portas e janelas fechadas sempre que sair, não deixar entrar pessoas suspeitas ou desconhecidas sem ter a certeza de quem são e ter sempre à mão os números de telefone da polícia são alguns dos conselhos.

In Diário de Notícias

Associação Portuguesa de Psicogerontologia

A Associação Portuguesa de Psicogerontologia-APP, Instituição Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos e de âmbito nacional, dedica-se às questões biopsicológicas e sociais inerentes ao envelhecimento e às pessoas idosas, visa a promoção da dignificação, respeito, saúde, autonomia, participação e segurança das pessoas idosas, num quadro de envelhecimento ativo e de solidariedade intergeracional, e de uma sociedade mais inclusiva para todas as idades, promove novas mentalidades e combate estereótipos negativos relativamente à idade e ao envelhecimento.

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