A população portuguesa definida como prioritária para receber vacinação para o vírus da gripe A(H1N1) ronda os 35%, revelou ao DN o director-geral da Saúde, numa operação que pode custar qualquer coisa como 35 milhões de euros. Francisco George precisou que aquela percentagem resulta da “conjugação dos grupos mais vulneráveis, entre os quais se incluem os idosos e doentes crónicos com as pessoas que trabalham nos chamados serviços essenciais ou de utilidade pública e que, por isso, devem estar protegidas”. De entre aqueles 3,5 milhões de pessoas, 30% pertencem aos grupos vulneráveis e 5% aos que prestam serviços prioritários, explicou.
Na semana passada, a ministra da Saúde tinha referido a intenção de avançar com uma pré-reserva da vacina para os laboratórios, referindo, na altura, estar a aguardar orientações da Organização Mundial de Saúde sobre a percentagem adequada de população a vacinar. Se fossem só os grupos prioritários, seriam 5% da população, mas se fossem também os vulneráveis, subiriam para 30%.
Sobre esse processo, Francisco George adiantou ao DN que “tudo se encontra em fase muito adiantada de discussão no âmbito do Health Security Comittee, com Portugal a concertar posições com outros países da União Europeia”. Também ao nível europeu é genericamente consensual priorizar uma franja de cerca de 35% da população.
A ministra já adiantou que a vacinação será gratuita para os grupos preferenciais. O custo da operação poderá rondar os 35 milhões de euros, atendendo a que um dos laboratórios envolvidos na produção da vacina, já estimou o custo de cada dose entre 7 e 10,7 euros.
Em todo o caso, tudo indica que só deveremos ter uma vacina no final do ano. Essa é, aliás, uma das razões de preocupação das autoridades de saúde a nível internacional, tendo em conta que é esperada já para o início do Outono uma intensificação das infecções no hemisfério Norte.
As estimativas mais prudentes apontam para que os laboratórios só consigam lançar no mercado a vacina em quantidades suficientes mais provavelmente em Dezembro. E, mesmo assim, não é certo que Portugal consiga obter, em tempo útil, vacinas em quantidade para proteger todas as pessoas prioritárias.
Ontem mesmo, a ministra Ana Jorge admitia que, “na melhor das hipóteses”, as vacinas contra a gripe A (H1N1) só estarão disponíveis em Setembro ou Outubro. E explicou que apesar da vacina já estar identificada, “há ainda que fazer todos os testes para comprovação da sua eficácia”. Depois será ainda necessário produzi-la em grade escala. Ontem, a ministra garantiu que “Portugal vai ter o seu contingente para poder defender-se e conter a infecção, mas precisamos de mais orientações da OMS”. Ana Jorge lembra que a situação em Portugal não é preocupante, mas merece vigilância.