Aumenta número de pessoas que dizem ter deixado o emprego para cuidar de crianças ou de idosos. Sociólogos acrescentam que as mulheres são mais afectadas.
No inquérito ao Emprego, o Instituto Nacional de Estatística pergunta às pessoas que não têm trabalho porque razão deixaram o último emprego ou negócio. A necessidade de cuidar de crianças, de deficientes, ou de idosos é a justificação atribuída a 59,2 mil pessoas, no segundo trimestre deste ano. Os dados solicitados pelo DN mostram ainda que o número – que é apurado através de uma amostra – inverteu a tendência de queda, com uma subida de 17% no último ano.
A informação não faz a distinção entre sexos, mas a socióloga Anália Torres – que estuda há décadas questões relacionadas com o trabalho e a família – não tem dúvidas. “A esmagadora maioria são mulheres. Há muitos estudos que mostram isso, é absolutamente conclusivo”, refere a recém-eleita presidente da Associação Europeia de Sociologia. “Há quase uma ideologia que faz com que as mulheres tenham essa obrigação implícita. E também é assim com os idosos. É frequente que seja a nora, em vez do filho, a assumir o cuidado”.
O INE tenta ainda perceber porque é que há pessoas que não querem procurar um emprego ou que optam por part-time. A necessidade de cuidar de crianças, de incapacitados ou de idosos é a justificação atribuída a 28,7 mil pessoas. Um número que caiu, neste caso, 21% face ao mesmo período do ano anterior.