Um estudo europeu concluiu que mais de um quarto da população portuguesa com mais de 60 anos foi vítima de um acto de violência ao longo de 2009.
Um estudo europeu revelou que mais de um quarto da população portuguesa com mais de 60 anos foi vítima de um acto de violência física, psicológica, sexual ou financeira, ao longo do último ano.
O estudo analisou, pela primeira vez, o fenómeno da violência na terceira idade, e concluiu que 4 em cada 10 idosos portugueses foram alvo de maus tratos, nalgum momento durante a vida.
De acordo com Henrique Barros, coordenador do estudo em Portugal, a violência faz parte da vida de muitos idosos no nosso país, verificando-se em cerca de 40 por cento das pessoas que estão na terceira idade. Os maus tratos psicológicos são os mais frequentes, sendo o agressor considerado íntimo da vítima.
«São as pessoas que tomam conta dos idosos, que na maior parte dos casos, eram filhos ou o parceiro», explicou o professor da Faculdade de Medicina do Porto.
A violência atinge sobretudo as mulheres, mas o número de vítimas masculinas surpreendeu os investigadores.
«Este trabalho mostrou, pela primeira vez, na Europa em geral, que uma proporção importante de homens também são vítimas de violência: 15 por cento são homens e 25 por cento são mulheres», revelou Henrique Barros.
O estudo europeu incidiu ainda nas doenças associadas à violência que, muitas vezes, passam despercebidas, como é o caso das depressões ou das perturbações no sono e no sistema digestivo.
«Estamos a falar de sofrimento que é processado intimamente e que depois emerge sob forma de doenças que nós consideramos banais e que habitualmente nem sequer associamos à violência», avançou o especialista.
Para além de Portugal, o estudo passou pela Suécia, Lituânia, Alemanha, Grécia, Itália e Espanha. Dos 7 países estudados, Portugal não apresenta os piores resultados, mas destacou-se pela negativa entre as nações do sul da Europa. Esta foi a primeira vez que a violência foi estudada na Europa com o mesmo método e o mesmo tipo de amostra – a população em geral, e não grupos sociais frágeis – tendo sido realizados cerca de 700 inquéritos em Portugal.
Fonte: TSF