Portugal poderá adoptar em breve um plano de contingência contra o frio, causador de mais mortes do que o calor, revelou um responsável da Direcção-Geral da Saúde (DGS), citado pela agência Lusa.
Só na passada segunda-feira, quatro idosos morreram em Lisboa, um número anormalmente elevado e que poderá ter explicação nas baixas temperaturas registadas, conforme admitiu uma fonte da PSP à agência Lusa.
De acordo com o chefe da Divisão de Saúde Ambiental da DGS, Paulo Diegues, a criação de um plano de contingência contra o frio, à imagem do que acontece desde 2004 para as ondas de calor, “poderá vir a ser equacionada”.
Apesar de o “frio matar mais do que o calor em Portugal”, não existe ainda qualquer plano específico, mas antes “um conjunto de recomendações” que são disponibilizadas à população em geral, principalmente através da comunicação social.
Paulo Diegues lembrou que as habitações portuguesas não estão adaptadas às baixas temperaturas e que esta poderá ser uma das razões para as mortes devido ao frio. O especialista em saúde ambiental sublinhou, no entanto, ser muito difícil perceber quando é que se morre de frio ou se a morte se deveu a “factores de confundimento” e que normalmente acontecem nesta altura do ano, como a gripe.
No âmbito desta temática, Portugal participa no projecto ‘Habitação e Saúde’, promovido pela Organização Mundial de Saúde, que pretende estabelecer as relações existentes entre a habitação e a saúde das populações. Através deste estudo, os municípios podem diagnosticar os principais problemas locais e elaborar um plano de acção para reduzir os problemas detectados e melhorar a saúde e a qualidade de vida das populações. De acordo com informação da DGS, os resultados deste estudo deverão ser apresentados este ano na 5.ª Conferência Ministerial de Ambiente e Saúde, que decorrerá em Parma (Itália).
Segundo uma investigação, publicada em 2003, em que foram analisadas as potenciais causas da mortalidade no Inverno em 14 países europeus, “Portugal tem a maior taxa (28%) de excesso de mortalidade no Inverno”, seguido da Espanha e Irlanda, ambos com 21%.